Quinta-feira, 08 de outubro de 2015
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O uso do biogás como alternativa para tornar as estações de tratamento de esgoto autossustentáveis foi tema do 28.º Congresso de Engenharia Sanitária Ambiental, evento focado na discussão sobre mudanças climáticas e gestão do saneamento ambiental. Subproduto do tratamento de esgoto, o biogás pode ser usado para gerar energia elétrica e para secar termicamente lodos e escumas. Também é possível empregá-lo como combustível veicular, industrial e residencial.
A palestra Caminhos para Disseminar o Uso do Biogás de Estações de Tratamento de Esgoto no Brasil, feita pelo engenheiro da assessoria de Desenvolvimento e Pesquisa da Sanepar, Gustavo Rafael Collere Posseti, tratou dos desafios, perspectivas e oportunidades para tornar o tratamento do esgoto mais eficiente.
Segundo o engenheiro, nas últimas décadas se disseminou no Brasil o tratamento de esgoto doméstico por meio de reatores anaeróbios. “Nesses reatores, o esgoto é degradado biologicamente, gerando subprodutos como o lodo, a escuma e o biogás, que possuem potencial de reaproveitamento”, disse ele.
Possetti desenvolveu alternativas para utilização dos subprodutos. Para estações de tratamento de esgoto (ETE), uma das alternativas apresentadas foi o Sistema Térmico de Higienização de Lodo de Esgoto para ETEs de médio e pequeno porte. A outra é a secagem térmica e combustão de lodo de esgoto para ETEs de grande porte.
“Nesse caso, é possível pensar na autossustentabilidade quanto à operação de secadores térmicos e combustores de lodo. Pensamos também em alternativas aos métodos convencionais de tratamento e disposição final do lodo de esgoto”, disse o engenheiro.
ENERGIA – A produção de energia elétrica a partir do biogás foi a terceira alternativa apresentada por Possetti. A ETE Ouro Verde, em Foz do Iguaçu, produz energia elétrica distribuída desde 2009. Neste período foi feito um trabalho para medir as características de produção, captação, armazenamento e queima do biogás.
O trabalho permite otimização da produção de energia elétrica e a definição de parâmetros para futuros projetos de aproveitamento energético de biogás. Segundo ele, os resultados obtidos com o projeto serão úteis tanto para a Sanepar quanto para outras instituições dos setores de saneamento e de energia, uma vez que a literatura reporta poucas informações acerca do tema.
PROBIO – Possetti também falou do ProBio 1.0, programa de computador para calcular estimativas de produção de biogás em reatores do tipo UASB no tratamento de esgoto doméstico. Desenvolvido por meio de uma parceria da Sanepar com a Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), o software é de uso livre e está disponível no seguinte endereço eletrônico: site.sanepar.com.br/probio/probio.zip .
“É fundamental conhecer a qualidade e a quantidade do biogás ofertado por uma estação de tratamento de esgoto para conseguir estabelecer as diretrizes corretas para o seu manejo”, explica.
GUIA – Os participantes do painel receberam um Guia Técnico sobre o aproveitamento energético do biogás nas ETEs. O guia é resultado do trabalho cooperativo do Projeto Brasil-Alemanha de Fomento ao Aproveitamento Energético de Biogás no Brasil (Probiogás).
O Guia Técnico para Aproveitamento Energético de Biogás em Estações de Tratamento de Esgoto foi lançado oficialmente no congresso na segunda-feira (5) e está disponível em www.cidades.gov.br/probiogas/publicacoes. Possetti fez parte da equipe que produziu e revisou o documento, representando a Sanepar.
O Probiogás é formado por parcerias entre entidades governamental, acadêmica e empresarial. O objetivo é dar diretrizes e ampliar o uso energético eficiente do biogás e, assim, também reduzir a emissão de gases indutores de efeito estufa.
Fonte: AEN - Agência Estadual de Notícias