Quinta-feira, 03 de dezembro de 2015
Ouvir matéria
A agência paranaense do Banco Regional de Desenvolvimento do Extremo Sul (BRDE) reforçou sua atuação junto a pequenas e microempresas, com aumento de 50% no volume de financiamento ao setor. Em 2011 o volume de crédito foi de R$ 75,7 milhões. Em 2014 chegou a R$ 114,1 milhões. Em cinco anos – de 2011 a outubro de 2015, o banco emprestou R$ 460 milhões para micro e pequenas empresas.
Foram 864 contratos, que contemplam, principalmente, recursos para investimento, inovação e expansão. Apesar da retração econômica, a previsão é fechar o ano de 2015 com contratações R$ 80 milhões no Paraná.
"O crédito tem importância central para o dinamismo da economia. O Paraná adota o BRDE como um de seus principais instrumentos de financiamento da produção, em atividades que abrangem desde as micro e pequenas empresas até grandes empreendimentos industriais e agropecuários", afirmou o governador Beto Richa.
O Paraná tem cerca de 500 mil microempresas (com faturamento bruto anual de até R$ 360 mil) e 50 mil empresas de pequeno porte (com receita bruta de R$ 360 mil a R$ 3,6 milhões por ano). De acordo com o Sebrae, elas representam 95% dos negócios formais e 52% dos empregos com carteira assinada no Estado.
PULVERIZAR CRÉDITO - O BRDE passou a apostar mais nesse segmento desde 2012, quando foi criada uma área específica para atender as microempresas, que conta atualmente com uma equipe de 11 pessoas. “Uma das missões do banco é pulverizar o crédito, com fomento ao desenvolvimento e geração de emprego e renda. Por isso a importância de atender, também, as pequenas e microempresas”, diz Juliana Souza Dallastra, gerente de operações do BRDE no Paraná.
No Paraná, a participação do financiamento a micros e pequenas empresas sobre o total de contratações do BRDE é crescente. Passou de 8,76% em 2011 para 12,25% em 2014.
O avanço também é explicado pela capilaridade do BRDE, que está presente em mais de 100 municípios, de acordo com Everson de Almeida Leão, gerente de operações adjunto para as áreas de pequenas e microempresas. “A diferença de atuação de um banco como o BRDE é que ele tem condições de estruturar o projeto juntamente com o cliente. O foco não é apenas gerar crédito, mas gerar desenvolvimento”, diz.
INOVAÇÃO - De acordo com Almeida Leão, com a crise econômica, o perfil de investimento do empresariado de pequeno porte mudou. A maior parte dos recursos não é destinada à expansão, mas à redução de custos, ganhos de produtividade e inovação. O objetivo, na maioria dos casos, é ser mais competitivo em um cenário onde a disputa entre as empresas está mais acirrada, explica ele.
De janeiro a outubro de 2015, o volume contratado por pequenas e micros para projetos de inovação cresceu 34% em relação ao mesmo período do ano passado. Passou de R$ 3,41 milhões, para R$ 4,59 milhões.
Além das linhas para inovação, os financiamentos que lideraram a contratação no período de janeiro a outubro de 2015 foram BNDES Automático (R$ 41,4 milhões) e Finame PSI ( R$ 4,9 milhões).
Com a retração da economia, inflação e juros altos, muitos empresários vêm adiando investimentos. Mas esses investimentos devem ser retomados assim que a economia der sinais de melhora, de acordo com Leão.
INADIMPLÊNCIA - Mesmo com a retração da economia, a inadimplência nas operações do Paraná segue baixa. Em outubro, os atrasos com mais de 90 dias representavam 1,87% da carteira. A média do BRDE é de 2,07% e do sistema financeiro nacional está em 3,10%.
“Como temos uma atuação muito próxima ao cliente, ao primeiro sinal de dificuldade, entramos em contato e buscamos uma solução para a situação. Em alguns casos, é possível refinanciar a dívida e alongar o prazo, para que o empresário não tenha problemas para concretizar seus projetos”, afirma Juliana.
BOX 1
Com financiamento, fábrica de
conservas aposta em expansão
A empresária Anibela Maria Feltz Pajewsky já contratou duas vezes recursos do BRDE para expandir seus negócios, que começaram há 20 anos com uma pequena fábrica de conservas de raiz forte, em São José dos Pinhais, da Região Metropolitana de Curitiba. A ideia era industrializar a produção de raiz forte, cultivada pela família na região.
Muito usada na culinária dos descendentes de imigrantes poloneses e alemães, a conserva de raiz forte conquistou uma clientela fiel e a Annihaus Conservas iniciou a venda no grande varejo. “Fizemos um financiamento para expandir a produção e construímos uma nova fábrica”, lembra ela. Com R$ 80 mil em investimentos, a empresa ampliou a produção mensal, de 2 mil unidades para 3,5 mil unidades. De lá para cá, a Annihaus Conservas ampliou a produção e entrou em novos segmentos, com a compra há cinco anos, do máquinário de uma fábrica desativada de biscoitos e suspiros.
Atualmente conta com um portfólio que vai de conservas de raiz forte e tomate seco a snacks, amendoins e geleias. “O microempresário sabe o valor que o crédito tem para ele e para seus fornecedores. É gratificante ver como a empresa se desenvolveu nos últimos anos”, diz Anibela, que trabalha com o marido, as três filhas e duas funcionárias.
O segundo financiamento com o BRDE, contratado há cerca de um ano, foi destinado a melhorar a área de limpeza e de carga e descarga de mercadorias, além de maquinário para conservação da raiz forte que é vendida in natura para São Paulo. Atualmente são 200 clientes ativos, espalhados por de São Paulo, Paraná, Santa Catarina e o Rio de Janeiro. Mas Anibela não quer parar por aí e já começa a trilhar novos planos para expansão. O próximo passo é vender massas congeladas sem glúten.
BOX 2
Cinq Technologies abre primeira operação nos EUA
Fundada por um grupo de engenheiros eletrônicos em 1992, a Cinq Technologies, de Curitiba, abre, em janeiro de 2016, as operações do seu primeiro escritório fora do Brasil, em Miami, nos Estados Unidos. A empresa contratou R$ 750 mil nesse ano e outros R$ 1,15 milhão em linhas de inovação com o BRDE em 2014.
“Foi a nossa primeira experiência com financiamento para a empresa. Tínhamos tentado com outros bancos, mas sem sucesso. A vantagem é que o BRDE ajudou a empresa a estruturar o projeto de ampliação. Essa orientação foi muito importante para tirarmos do papel os nossos planos”, diz Carlos Alberto Jayme, diretor comercial e um dos fundadores da empresa.
A Cinq, que começou desenvolvendo softwares de automação bancária, hoje atua também com soluções para os setores de telecomunicações, aeroespacial, saúde, indústria e educação. A empresa já exporta para os Estados Unidos e Europa, mas a base em solo americano vai ajudar a dar mais suporte aos atuais clientes e auxiliar na prospecção de novos, de acordo com Jayme.
Fonte: AEN - Agência Estadual de Notícias